Pare, Pense, Questione!
quinta-feira, 24 de abril de 2025
Identidade via boné - RUY CASTRO
Identidade via boné - Ruy Castro
FOLHA DE SP - 11/05/12
RIO DE JANEIRO - Não sei como anda a situação alhures, mas, pelo que observo nas ruas do Rio, uma importante mudança nos costumes está se processando: os rapazes estão deixando de usar bonés com a aba para trás. De repente, voltaram a usá-los com a aba para frente, que é o "normal".
Parece o fim de uma tendência que, importada dos EUA, implantou-se maciçamente nos últimos dez anos e que nunca entendi. Não sou de usar bonés, mas, no passado, examinei alguns e concluí que a função da aba é a de proteger do sol que incide sobre a testa, o nariz e os olhos. Se se usa a aba para trás, ela só protege a nuca ou o colarinho, e não me consta que nucas ou colarinhos precisem disso.
Você dirá que o assunto é irrelevante e que este espaço deveria estar sendo ocupado por temas mais momentosos, como as eleições na Europa, a queda de braço pelos juros no Brasil ou o respingo geral das denúncias sobre o Cachoeira. Pois eu responderia que, ao contrário dos temas citados, cuja importância é inegável, mas passageira, o uso de bonés com a aba para trás ou para frente define a condição humana, a nossa identidade e até o nosso senso de ridículo, ou a falta de.
Nesses dez anos, vi não apenas milhões de skatistas, cantores de pagode e malabaristas de sinal com o boné para trás, mas também homens maduros, opacos, caretas e alguns, com nome a zelar, zanzando pelos calçadões com o boné enfiado sobre as orelhas e a aba apontando no sentido contrário ao de seus narizes. Eu me perguntava que mensagens eles queriam passar com seus bonés.
Pois, assim como chegou, surgindo do azul, a moda parece ir embora, sem aviso ou explicação, e vamos todos atrás dela, em fila, como soldadinhos de corda. Na nossa pungente fragilidade, tememos tomar decisões isoladas. Precisamos do respaldo da maioria, até no jeito de usar o boné.
AULA 1 – SOCIOLOGIA: O QUE TEM A VER COM O BONÉ?
Duração: 50 minutos a 1 hora
Turma: 1º ano do Ensino Médio
Tema: Cultura, identidade e comportamento coletivo
Objetivo da aula:
Introduzir a Sociologia como ciência que estuda os fenômenos sociais do cotidiano.
Estimular os alunos a pensar como a sociedade influencia hábitos, modas, comportamentos e identidade.
📌 ETAPAS DA AULA
1. Quebrando o Gelo (5 min)
Pergunta provocadora no quadro ou slide:
“Você já pensou por que as pessoas usam o boné virado para trás?”
Peça para alguns alunos responderem livremente. A ideia é abrir espaço para opiniões e observações do dia a dia.
2. Leitura e Interpretação Crítica (10 min)
Distribua ou projete o texto “Identidade via boné” – Ruy Castro.
Faça uma leitura expressiva, ou convide um aluno para ler em voz alta.
Depois, discuta com a turma:
O que o autor está observando na sociedade?
Qual o tom do texto? Irônico? Crítico?
Você já se sentiu influenciado(a) por uma moda?
O que essa escolha diz sobre identidade?
3. Debate orientado (15 min)
Divida a lousa ou um papel em três colunas com os títulos:
Moda Grupo social Mensagem que comunica
Exemplos para começar: | Boné virado para trás | Skatistas, jovens urbanos | Irreverência, estilo | | Calça rasgada | Jovens, influenciados por influenciadores | Descontração, rebeldia | | Corte de cabelo padrão “de jogador” | Meninos de escolas públicas | Influência midiática, status |
Peça aos alunos que tragam mais exemplos e que analisem:
“Por que usamos o que usamos? O que isso diz sobre o nosso lugar na sociedade?”
4. Momento Sociológico (15 min)
Explique que a Sociologia estuda exatamente essas relações entre o indivíduo e a sociedade.
Apresente os primeiros conceitos-chave de forma acessível:
Cultura: o conjunto de hábitos, valores, símbolos e práticas de um grupo.
Identidade: quem somos em relação aos outros.
Moda como fenômeno social: a forma como grupos aderem coletivamente a certos comportamentos.
Normas sociais: expectativas da sociedade sobre o comportamento adequado.
5. Atividade prática (em sala ou casa) (10 min)
Título: O que o meu estilo comunica?
Peça que cada aluno escolha uma peça do próprio vestuário ou estilo (boné, piercing, unha decorada, cor do cabelo, marca da roupa, etc.) e responda:
Por que escolhi usar isso?
Quem mais usa algo parecido?
Que tipo de identidade isso comunica?
O que aconteceria se eu usasse algo completamente fora do padrão?
Depois, eles poderão compartilhar (oralmente ou em mural) em outro momento.
🧠 Avaliação Formativa:
Durante a aula, observe:
Participação nas discussões.
Capacidade de relacionar o texto com a realidade.
Entendimento dos primeiros conceitos sociológicos.
✨ Fechamento:
“A Sociologia está em tudo: até na maneira como colocamos um boné. E é por isso que ela nos ajuda a entender o mundo e a nós mesmos.”
sexta-feira, 28 de abril de 2017
Raça Humana
Brasil, 2010, 40 min. Direção: Dulce Queiroz
Documentário produzido pela TV Câmara discute a questão de cotas raciais na UnB e propõe o questionamento e a reflexão sobre o sistema de cotas como ação afirmativa nas universidades brasileiras.
Documentário produzido pela TV Câmara discute a questão de cotas raciais na UnB e propõe o questionamento e a reflexão sobre o sistema de cotas como ação afirmativa nas universidades brasileiras.
sábado, 18 de março de 2017
domingo, 12 de fevereiro de 2017
Os Criadores!
Rodrigo Aparecido Guilherme, 19 anos, estudante do 4° Semestre de Licenciatura em Ciências Sociais pela UNINOVE.
Professor de Filosofia e Sociologia e membro da Coordenação de Organização no Curso Popular Pré-Universitário TETRIS desde abril de 2016.
Facebook | Contato
Winner Batista, 19 anos, estudante do 4° Semestre de Licenciatura em Ciências Sociais pela UNINOVE, possui Extensão em Política e Cidadania pela UNIFESP.
Entre os candidatos a vereador mais jovens do país, aos 18 anos, disputou as Eleição Municipais em Suzano no ano de 2016 pelo Partido Pátria Livre (PPL). Também atuante dos movimentos políticos de juventude, participou de grêmios estudantis e juventudes partidárias.
Professor de Sociologia e Coordenador Pedagógico no Curso Popular Pré-Universitário TETRIS, desenvolve o uso de recursos tecnológicos aliados as práticas de ensino-aprendizagem.
Neste ano de 2017 também começou a investir na criação de um canal no YouTube.
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terça-feira, 27 de dezembro de 2016
Forrest Gump: O Contador de Histórias
EUA, 1994, duração 142 min. Direção de Robert Zemeckis.
Enquanto espera a chegada de um ônibus, Forrest Gump relata sua trajetória a pessoas sentadas próximas a ele entrelaçando sua biografia a acontecimentos da história de seu país.
Objetivo: Relacionar com o conceito de Imaginação Sociológica definido no texto "A promessa".
O filme com melhor qualidade de áudio e imagem foi encontrado em um site de filmes online, sendo impossível colar nesta página, deixamos abaixo o link para assistir o filme completo e dublado.
Assistir Filme Online - FORREST GUMP: O CONTADOR DE HISTÓRIAS - LINK 1
Assistir Filme Online - FORREST GUMP: O CONTADOR DE HISTÓRIAS - LINK 1
A promessa
MILLS, C. Wright. A imaginação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1980 [1959]. p. 9-12
Objetivo: Compreender o conceito de imaginação sociológica.
suas vidas privadas como uma série de armadilhas. Percebem
que, dentro dos mundos cotidianos, não podem superar
as suas preocupações, e quase sempre têm razão
nesse sentimento: tudo aquilo de que os homens comuns
têm consciência direta e tudo o que tentam fazer está limitado
pelas órbitas privadas em que vivem. Sua visão,
sua capacidade estão limitadas pelo cenário próximo: o
emprego, a família, os vizinhos; em outros ambientes,
movimentam-se como estranhos, e permanecem espectadores.
[...]
Subjacentes a essa sensação de estar encurralados
estão mudanças aparentemente impessoais na estrutura
mesma de sociedades e que se estendem por continentes
inteiros. As realidades da história contemporânea constituem
também realidades para êxito e fracasso de homens
e mulheres individualmente. Quando uma sociedade
se industrializa, o camponês se transforma em
trabalhador; o senhor feudal desaparece, ou passa a ser
homem de negócios. Quando as classes ascendem ou
caem, o homem tem emprego ou fica desempregado;
quando a taxa de investimento se eleva ou desce, o homem
se entusiasma, ou se desanima. Quando há guerras,
o corretor de seguros se transforma no lançador de foguetes,
o caixeiro da loja, em homem do radar; a mulher
vive só, a criança cresce sem pai. A vida do indivíduo e a
história da sociedade não podem ser compreendidas
sem compreendermos essas alternativas.
E, apesar disso, os homens não definem, habitualmente,
suas ansiedades em termos de transformação histórica
[...]. O bem-estar que desfrutam, não o atribuem habitualmente
aos grandes altos e baixos da sociedade em que
vivem. Raramente têm consciência da complexa ligação
entre suas vidas e o curso da história mundial [...]. Não dispõem
da qualidade intelectual básica para sentir o jogo que
se processa entre os homens e a sociedade, a biografia e a
história, o eu e o mundo. Não podem enfrentar suas preocupações
pessoais de modo a controlar sempre as transformações
estruturais que habitualmente estão atrás deles. [...]
A própria evolução da história ultrapassa, hoje, a capacidade
que têm os homens de se orientarem de acordo
com valores que amam. E quais são esses valores? [...] as
velhas maneiras de pensar e sentir entraram em colapso.
[...] Que – em defesa do eu – se tornem moralmente insensíveis,
tentando permanecer como seres totalmente particulares?
[...]
Não é apenas de informação que precisam. [...]
O que precisam [...] é uma qualidade do espírito que
lhes ajude a usar a informação e a desenvolver a razão, a
fim de perceber com lucidez o que está ocorrendo no
mundo e o que pode estar acontecendo dentro deles
mesmos. É essa qualidade, afirmo, que jornalistas e professores,
artistas e públicos, cientistas e editores estão
começando a esperar daquilo que poderemos chamar de
imaginação sociológica. [...]
O primeiro fruto dessa imaginação – e a primeira
lição da ciência social que a incorpora – é a ideia de que
o indivíduo só pode compreender a sua própria experiência
e avaliar seu próprio destino localizando-se dentro de
seu próprio período; só pode conhecer suas possibilidades
na vida tornando-se cônscio das possibilidades de
todas as pessoas, nas mesmas circunstâncias em que ele.
Objetivo: Compreender o conceito de imaginação sociológica.
A promessa
Hoje em dia, os homens sentem, frequentemente,suas vidas privadas como uma série de armadilhas. Percebem
que, dentro dos mundos cotidianos, não podem superar
as suas preocupações, e quase sempre têm razão
nesse sentimento: tudo aquilo de que os homens comuns
têm consciência direta e tudo o que tentam fazer está limitado
pelas órbitas privadas em que vivem. Sua visão,
sua capacidade estão limitadas pelo cenário próximo: o
emprego, a família, os vizinhos; em outros ambientes,
movimentam-se como estranhos, e permanecem espectadores.
[...]
Subjacentes a essa sensação de estar encurralados
estão mudanças aparentemente impessoais na estrutura
mesma de sociedades e que se estendem por continentes
inteiros. As realidades da história contemporânea constituem
também realidades para êxito e fracasso de homens
e mulheres individualmente. Quando uma sociedade
se industrializa, o camponês se transforma em
trabalhador; o senhor feudal desaparece, ou passa a ser
homem de negócios. Quando as classes ascendem ou
caem, o homem tem emprego ou fica desempregado;
quando a taxa de investimento se eleva ou desce, o homem
se entusiasma, ou se desanima. Quando há guerras,
o corretor de seguros se transforma no lançador de foguetes,
o caixeiro da loja, em homem do radar; a mulher
vive só, a criança cresce sem pai. A vida do indivíduo e a
história da sociedade não podem ser compreendidas
sem compreendermos essas alternativas.
E, apesar disso, os homens não definem, habitualmente,
suas ansiedades em termos de transformação histórica
[...]. O bem-estar que desfrutam, não o atribuem habitualmente
aos grandes altos e baixos da sociedade em que
vivem. Raramente têm consciência da complexa ligação
entre suas vidas e o curso da história mundial [...]. Não dispõem
da qualidade intelectual básica para sentir o jogo que
se processa entre os homens e a sociedade, a biografia e a
história, o eu e o mundo. Não podem enfrentar suas preocupações
pessoais de modo a controlar sempre as transformações
estruturais que habitualmente estão atrás deles. [...]
A própria evolução da história ultrapassa, hoje, a capacidade
que têm os homens de se orientarem de acordo
com valores que amam. E quais são esses valores? [...] as
velhas maneiras de pensar e sentir entraram em colapso.
[...] Que – em defesa do eu – se tornem moralmente insensíveis,
tentando permanecer como seres totalmente particulares?
[...]
Não é apenas de informação que precisam. [...]
O que precisam [...] é uma qualidade do espírito que
lhes ajude a usar a informação e a desenvolver a razão, a
fim de perceber com lucidez o que está ocorrendo no
mundo e o que pode estar acontecendo dentro deles
mesmos. É essa qualidade, afirmo, que jornalistas e professores,
artistas e públicos, cientistas e editores estão
começando a esperar daquilo que poderemos chamar de
imaginação sociológica. [...]
O primeiro fruto dessa imaginação – e a primeira
lição da ciência social que a incorpora – é a ideia de que
o indivíduo só pode compreender a sua própria experiência
e avaliar seu próprio destino localizando-se dentro de
seu próprio período; só pode conhecer suas possibilidades
na vida tornando-se cônscio das possibilidades de
todas as pessoas, nas mesmas circunstâncias em que ele.
domingo, 25 de dezembro de 2016
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